Quem me conhece sabe como tenho uma aversão de morte a rótulos na arte. Há quem os use para provocar, quem os use para arrumar coisas em estantes e, pela mesma ordem de ideias, quem os use para se recusar a olhar sequer para eles.
O Queer Lisboa tem tudo o que é preciso para que uns olhem a salivar, outros se recusem a olhar e outros vejam nele a sua ilha de identidade. A minha opinião é que eventos como este podem ser úteis se devidamente conduzidos e com escolhas acertadas.
Tomei agora conhecimento que irá passar hoje, no âmbito deste festival o filme Howl, de Rob Friedman e Jeffrey Friedman.
O filme é um filme sobre muita coisa. Sobre poesia, sobre liberdade de expressão, sobre amor, sobre delisão, sobre viagens, sobre sentimentos e acontece que se foca num poema cujo autor era homossexual. A expressão dessa homossexualidade é um adereço no filme e nem isso no poema. Muito como se deseja que a encaremos e nessa óptica este deveria ser o filme do Queer. Uma escolha mais do que acertada.
Portanto, hoje à noite deixe o preconceito de lado e ponha-se a caminho do S.Jorge. Vai ver que os gritos de revolta que vai dar serão por o filme não passar fora do festival, como um filme dito normal.