Comprado por confusão com O Que Dói às Aves, que teve uma passagem fugaz pelo PNL, este livro estava na estante há dois ou três anos, apesar de datar já de 2007.
Sendo um livro de poesia não é de estranhar que estejamos longe, muito longe mesmo, da Alice Vieira de Este Rei que eu escolhi ou de Rosa, Minha Irmã Rosa, mais do que nos conteúdos, no público alvo.
O que surpreende é a forma como Alice Vieira relata naqueles versos uma relação entre dois apaixonados. Há ali todo um romance no feminino, feito de desejos e paixões mal escondidas, nada dos subterfúgios do exagero da poesia de Florbela Espanca, mas muito mais uma visão de uma paixão física, como que dois adolescentes, ou como jovens adultos que se descobrem num enorme poema escrito à luz do que Anaïs Nin chamou uma visão feminina do erotismo.
Fiquei maravilhado e cada verso pedia mais e mais e mais, desde o encanto da Primavera em Maio até às promessas que se sabem que nunca se cumprirão no Inverno. É difícil dizer tanto e tão curto espaço, mas até quando se repete Alice Vieira consegue dizer coisas novas. Uma obra imperdível.