Tuesday, February 23, 2010

The Shining, Stephen King


Aclamado como uma das principais obras deste autor, que por sua vez é considerado o mestre da literatura de terror, The Shining é um livro que não faz jus aos pergaminhos... A princípio!

Na verdade, o livro demora a arrancar, passando-se à vontade uma centena de páginas de aborrecido esclarecimento de como a família Torrance acaba a tomar conta do Overlook, um hotel perdido nas Montanhas Rochosas e com um passado colorido. Nesta altura, a altura em que o hotel fecha decididamente para férias, o leitor está já com suores frios de puro terror. O motivo? A perspectiva de mais quatrocentas páginas como as que até aí passaram.

O autor decide então embrenhar-se naquilo que o levou a escrever esta obra e a mestria do autor vem à tona, justificando a fama da obra. A verdade é que a partir da terceira parte do livro, estrategicamente chamada "O ninho de vespas" (The wasps' nest, no original), a forma como o hotel se apodera da família Torrance não fica a dever nada à forma como nos apoderamos da obra. A escrita torna-se apelativa, com capítulos de tamanho variado, mas que deixam o leitor a pensar "só mais um bocadinho" ao longo de muitos bocadinhos. Muitos bocadinhos esses que são os que Stephen King demora a explorar a fragilidade da mente humana e de como uma família, com graves problemas e histórias mal resolvidas, isolada num hotel em tudo semelhante, rapidamente se desmorona e conduz a uma situação extrema.

Não vou entrar em comparações com o filme. O filme, quando colocado ao lado do livro, não lhe começa sequer a fazer jus, mas este tipo de comparação é extremamente injusta. Por um lado o filme tem limitações de formato que o livro não tem, por outro, Stanley Kubrick consegue captar a essência a dar-nos uma fenomenal peça de cinema. Tal como Stephen King nos dá uma óptima peça de literatura!

3 comments:

  1. Apesar de já ter lido quase uma dezena de livros do Stephen King, este ainda não foi um deles. Aliás, acho que apenas li livros que (ainda?) não foram adaptados ao grande/pequeno ecran, também e sobretudo por este motivo. Mas depois de ter lido "O Padrinho" de Mário Puzzo, muito depois de ter visto a versão (obra prima) em cinema do mesmo, aceitei a ideia que um grande filme adaptado de um grande livro pode dar dois bons momentos de prazer, ainda que já saibamos a história e as personagens. Isto tudo para dizer que fiquei com imensa vontade de ler o "The Shining"... mesmo nunca conseguindo dissociar mentalmente a figura de Jack Nicholson de Jack Torrance (Here's Johnny!)

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  2. Mas devo acrescentar, quando lemos o livro, a imagem do Jack Torrance que nos é dada, difere um pouco da imagem do Jack Nicholson!

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  3. Do King ainda só li o Saco de Ossos (um bocadinho na onda "Reader's Digest", mas King "nonetheless"!) e estou completamente embrenhado na saga do pistoleiro Roland, "The Dark Tower". Leitura obrigatória, maninho!

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