Thursday, May 19, 2011

Deixa-me entrar, Tomas Alfredson


 Faz já muito tempo que não escrevo aqui, no entanto não tenho estado parado. Um dos motivos que me tem mantido afastado é a falta de palavras. Em parte para descrever este filme do sueco Tomas Alfredson.

 Será profundamente redutor dizer que este é mais um filme de vampiros. Este não é apenas mais um, este é o filme de vampiros com que todos os filmes de vampiros futuros têm de se comparar. E talvez alguns passados...

 Produto da indústria cinematográfica de onde a noite chega a durar uns meses, este filme de vampiros é mais um produto saído de uma manufactura: uma peça única e inigualável!

 Oskar é um jovem adolescente marginalizado e vítima das partidas de colegas, que vive sozinho com a mãe, que visita esporadicamente o pai e que é em público uma figura recatada e pachorrenta. No entanto sofre em silêncio na longa noite do Norte.

 Eli é uma nova vizinha de Oskar, que se mudou para o apartamento ao lado sensivelmente na mesma altura em que começou uma onda de assassíneos e tentativas particularmente grotescas dos mesmos. Logo aqui o filme começa a distinguir-se, pois não se faz segredo que o autor de tais actos é o pai de Eli e que o faz para lhe poder dar o sangue que ela precisa.

 Também não se esconde a relação que estabelece entre Eli e Oskar, uma relação de código morse, uma relação de confiança, uma relação de revelações e aceitação e uma relação em que se aprende a enfrentar os medos, mesmo que daí venham consequências trágicas.

 As longas estações nórdicas assumem-se como personagens neste filme e tal o devemos a Tomas Alfredson. Os vampiros adolescentes de Alfredson e a sua relação com o mundo dos mortais cintila pela crueza com que a violência do género é apresentada, a história de amor não entra no campo da lamechice e depois de Eli, Kirsten Dunst e a sua Claudia parecem freiras! O guião está escrito para quem consegue interpretar textos acima do 4º ano e a interpretação dos jovens petizes sai favorecida por isso.

 "Deixa-me entrar" agrada a quem gosta de histórias inteligentes, a quem gosta de um bom bocado de entretenimento, a quem gosta do género e a quem gosta de filmes onde as imagens são personagens e dizem cada uma mais de mil palavras.


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