Monday, December 13, 2010

A Doninha Morreu

A notícia da semana passada (e candidata a acontecimento do ano) foi que os Da Weasel acabaram. Pertenço a uma classe de pessoas que não andaram a correr o país com eles, mas mesmo assim, o 3º Capítulo pertence à categoria de álbuns mais tocados na minha aparelhagem. Tudo ali, desde a música às letras, passando pela produção e pelos espectáculos ao vivo (só durante a Expo '98 foram três) transmitia qualidade bem acima da média. O Manual, capítulo seguinte na discografia, foi uma relativa desilusão. Por comparação quase tudo o que fizeram perde para a inovação e para a surpresa que o 3º Capítulo fora. Quase tudo porque saíram pela porta grande com o fabuloso Amor, Escárnio e Maldizer.


Apesar do fim das doninhas, o futuro musicalmente será radioso para quem o quiser ver. Radioso porque as doninhas redescobriram a alegria de fugir à rotina e de nos surpreender. Na lista de compras já se encontrava As Cobaias, próximo trabalho dos Teratron, mas hoje esse trabalho recebeu a companhia de Os Dias de Raiva.


Resumindo: se é verdade que a doninha morreu, a boa música destes artistas "está aí e veio para ficar".








Friday, October 15, 2010

Cidade Proíbida, Eduardo Pitta


A leitura deste livro despertou em mim, enquanto leitor, alguns sentimentos contraditórios. Enquanto que o livro está bem escrito, num português de fazer inveja a muito "escritor" que por aí anda, na verdade o fruto final mal passa de uma laranja de jardim, com muita casca e pouca polpa.

 Lida a obra, sobressai a sensação que, acima de tudo, o que mais se destaca será um certo desabafo por parte do autor. Ou então vários desabafos!

 Eduardo Pitta não é propriamente uma novidade, tendo já alguma obra publicada no campo da poesia, mas esta é a sua segunda incursão pelo mundo da prosa. A obra apresenta-nos a (aparentemente) atribulada relação entre Martim e Rupert. O primeiro português de "boas" famílias, o segundo um inglês proleta (como a secretária de Martim lhe chama a páginas tantas). Ambos vivendo já há alguns anos uma relação amorosa.

 A diferença de estratos sociais e a necessidade de uma vida em comum, será a primeira "cidade proíbida" que Eduardo Pitta nos apresenta. Há uma clara e notória incapacidade de Rupert se relacionar com o meio de Martim (e vice-versa), o que faz com que ambos tenham aí uma constante fonte de tensões na sua relação. A segunda "cidade proíbida" reside na mentalidade fechada do meio de Martim, relativamente à sua orientação sexual, onde ele não pode assumir às claras que Rupert não é um amigo, é para ele bem mais que isso.

 Ao confrontarmos a biografia de Pitta (na wikipedia, confesso) com esta obra, é impossível não nos interrogarmos do quão auto-biográfico ela será, e quantos dos comentários e apreciações desse narrador ausente, não serão a voz do autor a necessitar de se afirmar, de apontar, de tirar um peso dentro de si. Necessidade essa que, parece-me, acabou por toldar um pouco a clareza na hora de explorar as personagens e até mesmo de desmistificar as relações homossexuais em Portugal.

 As primeiras trinta páginas da obra, apenas terão interesse para quem estiver interessado em refazer o circuito homossexual de Lisboa/Londres dos anos 70/80. Aliás tanta procupação com o "onde" e alguns laivos de "o quê", com muito pouco "como", fazem com que a relação central se esbata e apenas com dificuldade, e doses massivas de imaginação, se possa descortinar donde e porque vêm os seus problemas.

 Quase em simultâneo, a família de Martim já era uma família de "bem", quando Maputo era a Lourenço Marques, cidade natal do autor. Estas coincidências acrescem um cunho de relato histórico à obra, que não contribuindo muito para o conteúdo, aumentam um pouquinho o interesse.

 Em jeito de resumo, a obra, para lá do roteiro homossexual, assume-se como pouco mais do que um desfilar de estereótipos, com um certo tom de saudade por um período (colonial) que já não volta, e com pouca dedicação posta no desenvolver as pontas que poderiam contribuir para fazer da obra algo mais. A sensação que fica é que a cidade que Eduardo Pitta nos quer mostrar é tão proíbida, que ele não nos pode mostrar mais do que as suas portas!

Saturday, October 2, 2010

2010 - Blind Guardian - At the Edge of Time

Eis aqui a nova obra de uma das minhas bandas preferidas. Chegou ontem por correio e agora só falta ouvir até ficar com os ouvidos a zunir. Pelo que já tive a oportunidade de "provar" o prato promete!

Wednesday, September 8, 2010

O Mandarim - Eça de Queiroz


2001 - 20 anos de Tarântula - Tributo

 Chegou hoje ao computador, depois de repousar no saquinho onde veio desde a FNAC, a obra que se vê na foto. Já toca e as primeiras impressões são bastante agradáveis. 

Monday, August 23, 2010

A doçura dos 16 - Bandas

Tenho andado recentemente a divulgar vídeos de bandas que ouvia há coisa de dez (ou pouco mais) anos. Esse facto fez-me fugir um pouco ao que tem sido o habitual esquema arrumadinho deste site para dar aqui algum destaque a algumas bandas que me marcaram.

Nesses idos anos, uma das bandas que mais mexia com a cena punk em Lisboa e arredores (caramba, no país no todo!) eram os X-Acto, banda que mais tarde mudaria de alinhamento e nome para Sannyasin.

Participei em vários concertos e hoje ficam aqui algumas músicas que encontrei no youtube.





Monday, August 9, 2010

I am Legend, Richard Matheson



A definição de ficção científica é algo que não se encontra bem estabelecida. No entanto, seja qual for a definição, se não permitir a inclusão de I am Legend, de Richard Matheson, será uma definição incompleta/insuficiente.

Pode parecer um exagero mas só para quem nunca leu a obra. Aliás, de tão genial e inovadora que a obra é, qualquer comparação com o filme de 2007 (com Will Smith no principal papel) corre o risco de não começar a fazer sequer juz à obra. O filme deveria ser considerado não uma adaptação, mas um insulto!

Em I am Legend, Matheson dá-nos a conhecer Robert Neville, o último representante de uma humanidade transformada em mortos-vivos. Inicialmente somos levados através das suas rotinas diárias, apesar de a escrita nunca se tornar aborrecida e repetitiva, sendo-nos apresentadas as rotinas com que ele combate a solidão e as formas como lida com a companhia das criaturas que ele baptizou de vampiros. É então que entra em cena o método científico e a procura de Robert por ir à raíz do vampirismo.

Praticamente em toda a obra seremos levados pelo processo de descoberta do Bacillus vampirii, o agente infeccioso que levou a mulher e a filha de Robert, uma boa parte da população e que Robert elege como seu adversário principal. Entretanto a sobrevivência do mais apto entra em cena e Robert trava conhecimento com Ruth, uma sobrevivente da infecção que pertence a uma nova sociedade, uma sociedade que tem uma forma peculiar de olhar para Robert, a sua existência e o seu lugar na História.

Numa altura em que os vampiros são criaturas fofinhas e de levar para casa como forma de entretenimento leviano, I am Legend (re)surge como uma refrescante lufada de ar fresco e uma nova luz no mito do vampiro. Publicado pela primeira vez em 1954, será porventura uma das obras mais influentes no meio cultural desde essa altura. Não só Stephen King considera Matheson uma das fontes de inspiração, como após é impossível dissociar filmes como a Saga dos Mortos de Romero, ou 28 Dias/Semanas de Danny Boyle, desta obra. Matheson, ao escrever um livro de ficção científica no seu estado mais puro, acabou por fundar reconverter o género do terror, introduzindo a figura do zombie. Pois os vampiros de Matheson são aquilo que hoje em dia se chamaria de zombies! A evolução do Conde de Bram Stoker à luz do que a ciência da década de 50 nos dizia ser o funcionamento do corpo humano, conduziram a esse corpo animado por uma bactéria.

A obra de Matheson é no entanto algo mais que uma simples, rápida e agradável leitura. Mais do que entretenimento, Matheson serve-nos um banquete de questões existenciais (ou pseudo-existenciais, mas questões à mesma!). Assim o B. vampirii é desculpa para uma reflexão sobre a sanidade e a humanidade de uma existência solitária, para o instinto de sobrevivência quando tudo nos diz para desistir e acima de tudo para o que é ser normal num mundo em permanente mudança, pois na realidade a obra mais que não é do que a viagem de Robert da sua humanidade até ao momento em que, introspectivamente ele chega à conclusão que mais não é do que o produto de lendas do passado.

Wednesday, June 30, 2010

Os lobos não usam coleira, Carlos Vale Ferraz


O filme "Os Imortais" é um dos filmes portugueses que mais me agradou. Desde que há cerca de seis anos que o vi que procuro incessantemente. Este ano a espera acabou. A leitura obviamente não esperou muito mais!

Conta a história de uma equipa de comandos da Guerra do Ultramar que por um acaso se cruzam com um inspector da judiciária poucas semanas antes da reforma deste último. Escrito num tom de investigação policial, deriva por vezes para algumas impressões do inspector Malarranha sobre a guerra e a justiça dos que por lá ficam contra os que de lá voltaram, uma vez que também a família dele se encontra marcada por essa guerra. De uma forma bastante leve acaba por ser uma visita guiada ao Portugal da primeira metade dos anos 80.

Quanto à escrita parece estar ali um bocadinho perto de um José Cardoso Pires, mas as personagens perdem em profundidade para este. Quando comparadas com o filme, parece-me que algumas ficam a ganhar, mas torna-se difícil de dar ao Inspector Malarranha uma profundidade maior do que Nicolau Breyner colocou na sua interpretação.

É uma leitura muito agradável, que toca em várias feridas do Portugal pós-colonial e em vésperas de se abrir à Europa, que não sendo um clássico, é uma boa obra.

Monday, June 21, 2010

Hard Candy, 2005



Dirigido por David Slade, este filme independente de 2005 conta-nos um encontro entre Hayley Stark (Ellen page), uma adolescente de 14 anos, e Jeff Kholver (Patrick Wilson), um fotógrafo profissional, os quais mantêm uma relação num chat.

Um dia decidem encontrar-se e Ellen revela-se bem mais do que uma simples e inocente rapariguinha. Num mirabolante desenrolar do enredo, ela acaba por se revelar mais o lobo mau, fazendo um genial jogo do gato e do rato com Jeff com um final diabolicamente... (Não esperavam que eu contasse pois não?)

O destaque do filme vai inteirinho para a interpretação de Page! A forma como ela constrói o 'lobo vestido de cordeiro' que Hayley se acaba por revelar é soberba e faz com que a interpretação de Wilson soe a insípida. Face ao enredo reduzido (contam-se cinco personagens, uma delas interpretada por Sandra Oh) até pode parecer que seria fácil, mas penso que já se viu muita gente grande a fazer má figura em papéis mais simples. Ellen Page iria fazer Juno depois deste filme, mas para quem viu esse filme e gostou, este acaba por suplantar.

Avaliação: 4/5
Tirada: "Jeff, play time is over... Now its time to wake up."

Wednesday, May 19, 2010

Bad Religion - 30 Years Live



Por ocasião dos seus trinta anos, estes veteranos e avôzinhos do punk californiano disponibilizaram no seu site, para download gratuito (mediante registo também gratuito, enfim, será de esperar alguma correspondência não requisitada), um álbum ao vivo.

Há também a informação que podem estar a preparar mais um de originais. Punk's not dead, yet!

Tuesday, May 18, 2010

Dark Tranquility - We Are the Void



O sexteto sueco de Death Metal melódico está de regresso, com o seu nono álbum de estúdio. Não se poderá no entanto falar de um trabalho totalmente novo. Não sendo tão arrojado como The Gallery (1995), é no entanto um álbum muito na linha do que habitualmente produzem, com a mistura final a remeter-nos bastante para o período Projector/Damage Done (1999/2002).

Não será certamente um álbum para conquistar novos fans, mas os antigos não verão as suas expectativas defraudadas, por uma das bandas que definiram o género.

Monday, May 10, 2010

Robert Louis Stevenson, ou a dualidade do Homem



A propósito de ter lido recentemente The Strange Case of Dr. Jeckyll and Mr. Hyde, em conjunto com The Merry Men and other Tales and Fables, editados num só volume pela Wordsworth Classics, decidi desta feita comentar um autor, neste caso Robert Louis Stevenson.

Autor escocês, viveu na segunda metade do século XIX e ganhou notoriedade pela sua Treasure Island.

Também foi autor de vários contos, entre eles o muito conhecido The Strange Case of Dr. Jeckyll and Mr. Hyde, no qual faz uma incursão por domínios da ficção científica.

A pluralidade de géneros é uma característica dos seus contos. No volume The Merry Men and other Tales and Fables podemos encontrar experiências no domínio do fantástico (casos do demoníaco Thrawn Janet, ou do licantrópico Olalla), ou novamente o tema da dualidade do Homem (casos de Will O'the Mill ou The Treasure of Franchard).

Aliás, uma das características nas obras de Stephenson é a abundância de personagens com um carácter duplo. Assim como em Treasure Island, Long-John Silver não se assume inicialmente como um pirata, em The Strange Case of Dr. Jeckyll and Mr. Hyde esse tema está exposto desde o início. Em Olalla pode-se estabelecer um paralelismo entre aquela família abandonada e a dicotomia bem vs mal, patente no afável médico londrino. Em Will O'the Mill ou The Treasure of Franchard, essa dicotomia não se manifesta no confronto entre o bem e o mal, mas sim ao nível do dever e prazer, com as personagens a debaterem-se com questões em que se confrontam o seu bem estar com o seu sentido de dever.

O exercício de analisar a mente de um assassino de ocasião, realizado em Markheim, acaba por se revelar um compêndio dessas características de Stephenson, onde um personagem exibe simultaneamente um confronto entre o bem e o mal e acaba, de uma forma que roça os dominíos do fantástico, com um diálogo entre o seu sentimento de dever e o de bem-estar.

Wednesday, April 21, 2010

Pesadelos em Peluche, Mão Morta, 2010



Aparentemente ja esta nas lojas mais um album dos lendarios e nada imaginarios Mao Morta. Pesadelos em Peluche promete ser um regresso ao rock mais rasgadinho e menos atmosferico/avant-garde dos ultimos trabalhos.

Como me encontro longe, fico a aguardar por uma oportunidade de colocar nos ouvidos tao aguardada obra, mas sera de esperar desenvolvimento aqui no blog.

Wednesday, March 31, 2010

Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?, de António Lobo Antunes



...Ou uma viagem às memorias de uma família. Ou uma viagem às memórias dos elementos de uma família. Ou uma viagem as memórias de cada um nós, no dia em que o nosso mundo se desfaz, uma viagem as profundezas da memória individual, não só de cada um, como de cada família, realizada através dos desabafos e das recordações de uma família de proprietários do Ribatejo.

É uma família atormentada pelas lembranças dos seus elementos, aquela que António Lobo Antunes nos traz nesta obra. Um pai morto e uma mãe a morrer, a empregada/ama bastarda e os filhos desavindos e desviados, quais alegorias dos males modernos que fervilham dentro de nós e nos fecham ao mundo dos outros. Somos levados por Lobo Antunes aos seus pensamentos enquanto esperam pela morte da mãe (Não que a mãe não partilhe também as suas angústias do leito da morte) todos deambulando pelo solar dos Marques, percorrendo os seus locais e as suas janelas que engrossam, locais onde as suas memórias se ligam com o presente e nos desfilam as suas virtudes defeituosas e os seus traumas.

Em tempos sombrios, nos quais se vive sob o signo da (o)pressão e a palavra liberdade serve de máscara para limitação, a obra de Lobo Antunes não é um farol, mas não é mais uma pesada âncora para nos deprimir. Fazendo uso da sua experiência médica, somos conduzidos a uma consulta, o relato é isso mesmo, um relato, não um texto de reflexão, mas donde se pode retirar muita matéria para tal. Assume-se o texto como um elaborado apelo a que lidemos com os nosso fantasmas, um encorajamento a que deixemos para trás o peso morto de memórias dolorosas, que encaremos os defeitos de frente em vez de os ignorarmos e escondermos em nome de uma qualquer aparência deturpada e de um status obscuro.

A escrita é a do estilo elaborado e muito próprio do autor, revelando-se de alguma dificuldade para quem espera uma narração toda ela linear e monotonia. A necessidade constante de passar para o papel uma linha de raciocínio, com todas as que se cruzam nele, qual neurónio com as suas ramificações, faz com que a escrita se enriqueça, com frases de vinte paginas, como o individuo que sozinho no quarto, reflecte sobre si. O complexar dos raciocínios não aumenta no entanto a complexidade da escrita e após alguma habituação o leitor entrara facilmente no ritmo de leitura, apesar de eu recomendar que os primeiros capítulos seja lidos de uma assentada.

Tuesday, March 9, 2010

Contos, Miguel Torga



Nasceu a 12 de Agosto de 1907, em São Martinho da Anta, Trás-os-Montes.
Faleceu em 17 de Janeiro de 1995.
De seu verdadeiro nome, Adolfo Correia da Rocha, Miguel Torga é o pseudónimo literário pelo qual ficou conhecido.
Formado em Medicina pela Universidade de Coimbra, colaborou na revista
Presença, e dirigiu as revistas Sinal e Manifesto.
Em 1976 foi distinguido com o Grande Prémio Internacional de Poesia das Bienais Internacionais de Knokke-Heist, em 1980 com o Prémio Morgado de Mateus, em 1981 com o Prémio Montaigne (Alemanha), em 1989 com o Prémio Camões e em 1992 com os prémios Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores e Figura do Ano da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira.
in Contos, Miguel Torga, 1ª edição, D. Quixote

O simples desfraldar da sua vida não nos diz quem era Miguel Torga.
O simples listar dos prémios que ganhou, não traduz a simplicidade da sua escrita.
Apenas a simplicidade da sua escrita nos permite alcançar a complexidade do seu ser.

Miguel Torga é um nome maior da literatura portuguesa. Não tem grandes romances, mas tem muitos contos. Contos que não saturam, passados num Portugal esquecido, num Portugal tão longínquo e no entanto tão próximo e ali ao virar da esquina, mesmo quinze anos após o falecimento do autor.

Os contos de Torga poderiam ser os contos da infância de um Portugal atrasado, mas que contam, como as aventuras de uma criança, o que é o Portugal adulto.

A escrita dos Contos de Miguel Torga é feita numa linguagem rústica e dura e simples, como os seus personagens, postos à prova pela dureza da vivência diária. É uma escrita que nos relata os imaginários de todo um povo obscurantista desde sempre e demasiado ocupado a conseguir ter pão na mesa ao jantar para se preocupar com o dia de amanhã.

Os Contos de Miguel Torga são o Portugal e a sua memória colectiva. Neles encontramos a essência do ser Português e tudo envolto nessa simplicidade complexa a que chamamos Portugal.

Tuesday, February 23, 2010

The Shining, Stephen King


Aclamado como uma das principais obras deste autor, que por sua vez é considerado o mestre da literatura de terror, The Shining é um livro que não faz jus aos pergaminhos... A princípio!

Na verdade, o livro demora a arrancar, passando-se à vontade uma centena de páginas de aborrecido esclarecimento de como a família Torrance acaba a tomar conta do Overlook, um hotel perdido nas Montanhas Rochosas e com um passado colorido. Nesta altura, a altura em que o hotel fecha decididamente para férias, o leitor está já com suores frios de puro terror. O motivo? A perspectiva de mais quatrocentas páginas como as que até aí passaram.

O autor decide então embrenhar-se naquilo que o levou a escrever esta obra e a mestria do autor vem à tona, justificando a fama da obra. A verdade é que a partir da terceira parte do livro, estrategicamente chamada "O ninho de vespas" (The wasps' nest, no original), a forma como o hotel se apodera da família Torrance não fica a dever nada à forma como nos apoderamos da obra. A escrita torna-se apelativa, com capítulos de tamanho variado, mas que deixam o leitor a pensar "só mais um bocadinho" ao longo de muitos bocadinhos. Muitos bocadinhos esses que são os que Stephen King demora a explorar a fragilidade da mente humana e de como uma família, com graves problemas e histórias mal resolvidas, isolada num hotel em tudo semelhante, rapidamente se desmorona e conduz a uma situação extrema.

Não vou entrar em comparações com o filme. O filme, quando colocado ao lado do livro, não lhe começa sequer a fazer jus, mas este tipo de comparação é extremamente injusta. Por um lado o filme tem limitações de formato que o livro não tem, por outro, Stanley Kubrick consegue captar a essência a dar-nos uma fenomenal peça de cinema. Tal como Stephen King nos dá uma óptima peça de literatura!

Friday, February 12, 2010

NOFX - S&M Airlines



Hoje a sugestão é musical!

Este álbum, datado de 1989, é um dos meus preferidos desta banda de punk californiana. Apresenta uma sonoridade agradável, com alguns solos de guitarra bem conseguidos, e ainda uma escrita muito non-sense ao nível das letras.

Resumindo é um momento muito agradável!

Wednesday, February 10, 2010

Mão Morta 1988-1992 Colectânea


Chegou hoje pelo correio! 4 anos, 4 álbuns, 4 registos diferentes de uma das mais originais bandas portuguesas.

Wednesday, January 27, 2010

Memória das minhas putas tristes, por Gabriel Garcia Márquez


No dia, ou melhor, na véspera do seu nonagésimo aniversário, um jornalista decide oferecer-se uma prenda sui generis; decide oferecer-se uma virgem. Para tal liga à sua patroa de eleição e pede-lha para essa mesma noite. Por entre peripécias a alcoviteira lá consegue forrar-lhe a alcova, mas chegada a hora ele não consegue aproveitar a sua prenda.

Poderia acabar aqui, ainda antes de começar, mas não é assim que se passa. Antes de mais porque o jornalista não tem uma idade qualquer! Noventa anos é uma idade que impõe respeito e só mesmo na primeira metade do século XX um indivíduo de tal idade poderia aspirar a ainda não ter sido posto no lixo que se reserva aos que nos lembram as nossas limitações.

A questão que GGM levanta nesta obra, muito mais do que o amor aos noventa, é essencialmente a visão da terceira idade e a visão que a terceira idade tem. Apesar de se passar na primeira metade do século XX, a verdade é que, se pararmos para pensar, hoje a situação é ainda mais acentuada...

A questão, essa questão que se lê nas entrelinhas, é a questão de até que ponto vamos mudando com idade. Até que ponto é que a idade nos inutiliza, nos consome e nos relega para um papel de espectadores da nossa própria vida.

Pela pessoa do nonagenário somos conduzidos a um mundo de quem sabe mais, porque viveu mais; alguém que aprendeu a viver com as suas limitações; alguém para quem "cada hora é um ano" e que aos olhos de todos está preparado para morrer, desaparecer, sem desejos, sem vontades, mas alguém que na idade arranja vontade de desflorar uma virgem adolescente e que apesar da sua sabedoria não consegue evitar enlevar-se por uma louca paixão, só ao alcance da imaturidade e inexperiência dos jovens!

Pois tal é a visão que temos da velhice! Paremos e olhemos para os velhos, grita-nos GGM com esta Memória. São cada vez menos, apesar da população envelhecida; olhemos para eles e vejamos nas suas rugas o destino de todos. Qual o mal das rugas e dos cabelos brancos para serem ferozmente combatidos e escondidos? A verdade, a imutável e inultrapassável, é que passados os casamentos e baptizados, virão os funerais e pelo menos um ficará para os ver, apesar das rugas, dos cabelos brancos, das dores nas articulações...

A obra de GGM é um lembrete do que nos aguarda na velhice, mas também um hino de amor à e na mesma. Um lembrete que a verdadeira velhice acontece dentro de nós quando nos deixamos suplantar pelo tempo e perdemos a capacidade de nos apaixonarmos pelo mundo em que vivemos e no qual todos os dias surgem adolescentes para desflorar. Outrora os velhos não eram velhos, eram sábios!

Sunday, January 10, 2010

Cão Velho Entre Flores, por Baptista-Bastos


Baptista-Bastos convida, no seu prefácio à séptima edição desta obra, que data de 1974, o leitor a acompanhá-lo através de uma infância aflita e as ruas onde ela decorre. Ruas essas, de acordo ainda com o autor, que se localizam em Lisboa. Uma Lisboa, nota-se na obra, de bairros como aldeias, onde todos se conhecem, onde todos se amam e odeiam e que estão, entre elas, tão longe como as aldeias de um país, país esse que aqui é Cidade.

É uma cidade adormecida, por alturas da Guerra, lá fora e distante, que chega até nós através de notícias de jornal e relatos na rádio. Uma guerra lá fora, mas que divide famílias cá dentro... Uma dessas famílias é a de Manuel, nome adoptado pelo personagem, nome que roubaram ao seu primo mudo, primo que o orienta pelas ruas do bairro que o viu nascer, onde está a família, os pais que não se amam, os avós separados em afectos, o tio que não pode com o pai nem com o cunhado e a tia desanimada.

Com a Guerra começa a guerra em casa. O tio e a mãe de um lado o pai e o avô do outro, cada qual no seu espectro político. Avô que de resto só lamenta que o genro não seja seu filho... A Guerra acaba por durar toda a narrativa e está sempre presente. Assim como a outra guerra, a da sobrevivência de Manuel, que parece começar quando o avô de Manuel, um cão velho entre flores, morre. Esse avô que mais não era do que um dos "cães velhos dos campos, [que] quando pressentem que estão à morte, procuram as terras onde há flores para morrerem mais à vontade".

Esta morte acaba por ser o início da procura de Manuel pelas suas flores. Indesejado pela família da mãe, que vê nele um estorvo, e por vezes uma memória penosa para o pai, ele vai passeando por Lisboa, qual bola de ping-pong, na companhia ora do seu primo Mudo, ora pela mão da avó, ou ainda de João e do Mágico, habitantes do seu pequeno mundo.

A viagem prometida por Baptista-Bastos é uma viagem narrada essencialmente na primeira pessoa, em tons intimistas e com uma clara tomada de posição, ao estilo do escritor, com ocasionais fugas para a terceira pessoa, mais para o final da obra. Não é uma viagem alegre, é, isso sim, toda ela feita de uma tristeza e de um vazio nas personagens. O que não implica necessariamente que sejam personagens vazias!

Esta questão das personagens é algo que parece ficar algo por explorar, uma vez que, consoante a visão do leitor, se podem comparar ao dilema do copo meio-cheio ou meio-vazio. O autor deixa tanto delas por dizer, por narrar, que a alguns parecerá certamente que não passam de copos vazios, figuras que se movem ao sabor do vento. A outros parecerão estátuas que se erguem no meio de um rio, resistindo a ventos e marés, não se movendo quando todo o mundo em seu redor caminha para algum lado, pelo percurso de menor resistência. Mais ainda, a complicação surge se se cair na tentação de aplicar um carimbo a um personagem. Em dada passagem pode parecer superficial, mais à frente muda para alguém profundo, voltando ao banal alguns capítulos depois. E vice-versa!

Outra característica é a ausência de grandes descrições. Tudo o que é dado é-o em tons impressionistas, sem contornos firmes, uma mancha que nos dá a entender o que é, apenas o essencial, deixando o restante para o leitor imaginar. Retira-se algum peso à obra, mas também a uma certa sensação de profundidade.

Ao nível da escrita verifica-se um notável domínio da pontuação, sem invenções demasiadas, e com a qual regula o ritmo da narrativa, fazendo o leitor acelerar ao ponto de perder fôlego, forçando o leitor a pausas para meditar no que lê, para que melhor se forme a imagem na sua cabeça, para então sim colocar os personagens. Tudo isto feito, repito, com detalhes impressionistas, que são pincelados aqui e ali com um certo exagero de linguagem mais elevada.

A título pessoal (como se todo o resto do comentário não o fosse), não foi um daqueles livros que me encheram as medidas, mas é um livro de leitura bastante agradável. É uma daquelas portas de entrada para um autor que não oferece resistência quando a tentamos abrir, mas também não é uma passadeira vermelha estendida para este escritor.

Sword Song, by Bernard Cornwell



No quarto livro das Saxon Stories, Uthred Ragnarson de Bebbanburg continua a sua saga em busca das suas terras, do seu castelo e da sua vida. Amarrado por juramentos a um rei de que não gosta e não gosta dele, continua entregue a um destino que, espera ele, o levará à sua liberdade.

Alfred continua a querer aumentar o seu reino e os seus olhos viram-se agora para a expansão a Norte. A forma mais rápida sendo o dar um regente ao Sul de Mercia. O eleito é Æthelred, primo de Uthred, que permanecerá um leal vassalo de Alfred pelo seu casamento com Æthelflæd, filha deste. A prenda de casamento que Alfred lhes reservou é a cidade de Lundene, com o respectivo controle do tráfego do Temes, e será Uthred, que desgosta profundamente do seu primo, a responsabilidade de tornar esta cidade, ocupada por hordas de Vikings, parte do protectorado de Mercia.

Bernard Cornwell continua as suas Saxon Stories com um livro que é o seu mais puro estilo: um romance histórico recheado de batalhas contadas na primeira pessoa, que nos transportam para o seu coração e desejar ser o herói; intriga política à mistura; tudo servido com doses maciças de uma escrita magnética que agarra o menos entusiasmado dos leitores, da primeira à última página

Friday, January 8, 2010

2009 - Guilt Machine - On This Perfect Day




Arjen Anthony Lucassen, o génio por trás de, entre outros, Ayreon, está de regresso com um novo projecto.

O nome? Guilt Machine. O álbum? On this perfect day.

Seis faixas, a mais pequena com cerca de seis minutos e desta feita um projecto com poucas caras. Para lá do referido juntam-se-lhe Lori Linstruth, que com ele colaborara no projecto Stream of Passion; Chris Maitland, antigo baterista de Porcupine Tree; e Jasper Steverlinck, vocalista dos belgas Arid.

Brevemente (assim que encontre) colocarei o que acho!

Tuesday, January 5, 2010

Sexus, by Henry Miller



Henry Miller partiu em 1930 da sua Nova Iorque natal para Paris. No entanto, quem era este homem, antes da viagem? A sua obra Sexus é uma pista.

Recuando até aos anos 30, logo após a Grande Depressão, ou à década de 40 do pós-guerra, é normal que esta obra seja e deva ser encarada como chocante. É normal porque o relato de um homem que vive contra a maré, tem de chocar aqueles que sempre seguiram a corrente do rio. Não se deve esquecer que aqueles acontecimentos são autênticas quedas de água no rio da humanidade, pontos onde a corrente não volta atrás, independentemente da fase da lua, representando o que de pior a ganância e a soberba humanas têm para dar. A sociedade daí resultante procurou então seguir um rumo contrário, dotada do mesmo extremismo da anterior, no entanto, e das mesmas fachadas. Fundamentalmente, não importa se o que vinga é o glamour e opulência dos anos 20, a belle époque, ou se a contenção dos anos 30, ou os valores morais dos anos 40, todos eles exageradamente extremistas, invariavelmente condenados a serem fachadas.

Sexus é portanto uma viagem a uma Nova Iorque que vive das fachadas dos seus habitantes. Uma Nova Iorque que se esconde por trás de fachadas de edifícios, no aconchego do lar; um olhar público sobre acontecimentos privados. Isso realmente choca as mentalidades da década de 40, tão seguras da sua superioridade moral, tanto como a vitória na Guerra os podia deixar, tanto que proíbem a publicação desta obra, dita, obscena, que de obscena só tem a demolição de fachadas.

A viagem de Miller, e viagem porque grande parte da acção decorre na rua ou a caminho de outro local, é uma viagem à vida dessa cidade que se orgulha de não dormir, feita pelo olhar de um aspirante a escritor, amargurado e desgostoso. Não é uma viagem onde, pornograficamente, mulheres esculturais caem no colo do macho de serviço, mas onde, pornograficamente, é fácil acabar-se na cama com uma.

Pornograficamente? O pornográfico de Miller reside no escrever sobre esse aspecto determinante sobre as relações humanas: aquilo que fisicamente une duas pessoas de sexo oposto. No fundo, aquilo que desde os primórdios assegura a multiplicação da espécie, mesmo que não seja efectuado com esse fim. A base da união... A base do nosso ser social! O pornográfico de Miller, em Sexus, é o deixar cair a cortina para o que se passa nos quartos desses homens e mulheres que se amam! No fundo, o que choca em Sexus não é o que lemos, mas a realização de que estamos a ler o que gostávamos de poder dizer!

Outras leituras se podem tirar de Miller e que são também elas chocantes, para um sociedade estratificada, organizada e que não aceita mudanças. Implicitamente pode-se concluir que não há fórmulas para a felicidade. Pelo personagem principal, esse Mr Miller, esse Val que nunca é identificado, vemos que a satisfação de cada impulso físico do nosso corpo não nos traz felicidade. Afinal, ele entrega-se aos prazeres da carne em múltiplas situações, com múltiplas intervenientes e mesmo assim acaba na sarjeta à procura de algo, vazio e não realizado. Apesar de ceder às vontades não atinge a felicidade. Nem a sua primeira esposa, tão dotada ao casamento de fachada que a sociedade lhe impunha encontra a felicidade, ou não voltaria para ele em busca dessa realização física que o casamento lhe tirara. Onde está então a fórmula da felicidade e da realização? Não é uma resposta que Miller, pornograficamente demolindo as fachadas dos prédios, pornograficamente expondo os quartos, os corredores, as salas, o conforto dos lares, nos dê. Tudo o que ele nos dá é um olhar próprio das salas que frequentou, os quartos onde dormiu, as mulheres que amou. Tudo o resto fica a cargo de quem nele se reveja. Os erros que achem que cometeu, as virtudes que manifestou...

Quanto a mim foi dos livros mais difíceis de ler que encontrei. Várias vezes voltei atrás para reler dois ou três capítulos, noutras alturas parava simplesmente, e como se meteu uma mudança de casa pelo meio, durante quase um ano não soube do paradeiro da obra. Que demorou três anos a ser lida! De resto, quem partir para este livro com esperança que o título indique o que ele relata, terá uma grande desilusão uma vez que o título não indica mais do que uma ferramenta que o autor usa, não o objecto da sua narração.

The Picture of Dorian Gray, by Oscar Wilde



E se uma qualquer fotografia nossa... Não!

E se a nossa melhor fotografia, aquela que capta toda a essência da nossa juventude, na qual gostávamos de ser para sempre revistos, fosse um quadro da autoria de um pintor banal? Para além disso, e se esse quadro fosse o melhor trabalho desse mesmo pintor? Como bónus, e se esse quadro envelhecesse por nós? Melhor ainda, e se esse quadro carregasse todo o peso as nossas acções, à laia de consciência? E se pudéssemos ver a nossa alma?

Basil Hallward é um pintor mediano na Londres da segunda metade do século XIX, até ao dia em que conhece e se deixa fascinar por Dorian Gray, um jovem de beleza e inocências extremas. Basil produz então as suas melhores obras, entre as quais se conta a sua obra-prima, um retrato de Dorian Gray. A beleza e a perfeição com que Basil capta a essência de juventude e inocência de Dorian é tal, que, levado pelo manipulador Lord Henry, Dorian suspira como seria bom ele permanecer para sempre jovem e inocente e que o quadro pudesse envelhecer no seu lugar. Sem que Dorian se aperceba logo, o quadro começa a fazer algo mais do que envelhecer, torna-se a sua alma e a sua consciência.

Mas... Pode a arte ser reflexo da alma de alguém? É a arte algo mutável, ou será algo estático que tem de ser apreciada à luz do momento em que é produzida? Poderá uma qualquer paixão shakespeariana mudar com as oscilações passionais do intérprete? Onde reside a beleza da arte?

Oscar Wilde leva-nos, através das personagens de Dorian Gray e Lord Henry Wotton ao mundo dos dandies da Londres do final do século XIX, um mundo dominado por festas e relações de faz-de-conta e um profundo interesse superficial pelas artes e o filosofar.

Não se julgue no entanto que a esta é uma profunda viagem superficial! A viagem que Wilde faz ao mundo da Arte é uma viagem ao interior profundo da selva que é a definição da Arte em si. Sendo a Arte uma representação do real, que parte do Real se reflecte nela? Ou ainda, sendo a arte a visão de uma pessoa sobre o real, quanto do artista está representado no arte? E quanto do objecto artístico é absorvido pela sua representação?

Recorrendo a uma série de metáforas e comparações com a Antiguidade Clássica e descrições pormenorizadas das ambiências, sem se deixar cair na descrição das interacções dos personagens, Wilde transforma todo o conto num quadro em movimento, um recital de filosofar sobre a natureza da Arte e do Ser e do quanto cada um se toca.

À medida que caminha para o fim e esperamos respostas, estas ficam no ar, ao critério de quem aprecia a obra, pois a saída de cena Basil, o mediano pintor, retira da obra o olhar do artista, deixando-nos a braço com o egoísmo de Henry e a ausência de consciência de Dorian. O saber alto e iluminado dos salões do primeiro e o conhecimento empírico das profundezas do Inferno Humano do segundo, deixando sempre no ar que entre ambos há algo mais do simples atracção, como o indicia a casa de Tânger, à altura, conhecido refúgio de homossexuais.

O livro lê-se muito bem, mas não é um livro de respostas, é isso sim um livro de perguntas.

Boas-vindas

Olá.

Este blog, o primeiro que publico de raíz e em exclusivo, é um blog que dedico a uma vertente mais cultural. Nele vou publicar as minhas opiniões relativas a livros, álbuns, filmes, espectáculos que tenha lido, ouvido, visto, assistido.