Friday, January 20, 2012

Is Belief in God Good, Bad or Irrelevant - Greg Graffin e Preston Jones

 O título do livro é feito em tom de pergunta, mas quem entrar neste livro à espera de respostas arrisca-se a sair de lá desiludido. Essa incapacidade, ou falta de vontade, em dar respostas é um dos pontos fortes do livro. Greg Gaffin é vocalista da banda punk Bad Religion e tem um mestrado em geologia, um doutoramento em biologia e ateísmo militante e assumido. Preston Jones é doutorado e professor em história, cristão e apreciador de Bad Religion. Este livro dá-nos a correspondência entre ambos ao longo de um conjunto de anos, em que falaram das suas visões religiosas, de como estas se manifestam no seu dia a dia (o dia a dia dos Estados Unidos entenda-se). 

 Acima de tudo, este livro é uma visão moderna sobre o debate entre crentes e não-crentes e um apelo ao pensamento livre e sem amarras. Não é um livro que procure responder ao título. Essa resposta deve-a procurar o leitor.

 Findos os argumentos e testemunhos somos ainda confrontados com uma série de perguntas provocadoras, que complementam na perfeição o livro, podendo quase que torná-lo livro de leitura obrigatória em aulas de filosofia.

 Um óptimo início de ano de leituras.


Thursday, January 19, 2012

Optimus Alive 2011

 Como disse um escriba da revista Time Out, um dos pontos fortes do Alive é que está mesmo à porta de casa. Ora, ter um dos festivais com melhor cartaz à porta de casa é óptimo e portanto lá me pus a caminho de Algés.

 Ia com vontade de ver Xutos e Pontapés, dar um pulinho ao Coreto da Luta, espreitar Iggy and the Stooges, ver Foo Fighters e ainda correr para apanhar o set de Teratron. Acho que ainda havia para aqui mais uns quantos espectáculos para ver, mas a qualidade das bandas que realmente vi fez esquecer o que tinha lá ido fazer.

 A abrir a tarde (a abrir... a minha!) os Xutos. O chamado valor seguro, em dia de regresso de Zé Pedro aos palcos, o alinhamento foi composto por algumas das mais aceleradas e um passeio pela Avenida da Memória. 



 Com o fim de Xutos havia a possibilidade de dar um pulinho ao Coreto da Luta, onde os Homens da Luta aguentavam um animado espectáculo de visita ao álbum "A Luta Continua". Animado é a palavra que define o momento, pois até alguns dos mais trombudos espectadores lá soltaram o seu sorrizito.



 A dada altura fazia-se tarde para conseguir um lugar onde pudesse assistir confortavelmente (leia-se, sem necessitar de um bom par de binóculos) ao concerto de Foo Fighters. Pés ao caminho e uma bifana para a viagem (já apertava a fome) que ainda deu para assistir ao final da actuação de Iggy and the Stooges. Para quem tem o historial de abusos que tem, Iggy é um péssimo anúncio aos efeitos que as drogas (nas suas variadas variantes, passe o pleonasmo) podem ter nas pessoas. 

 A condição física de Iggy no entanto não amedrontou Dave Grohl y sus muchachos. A actuação de Foo Fighters terá sido porventura um dos mais impressionantes concertos a que já assisti. Foram quase três horas de energia pura a ser debitada, quase três horas de saltos e correrias, de gritaria e de suor. Arrisco dizer que perdi um quilo ou dois nos momentos em que, levado pela música, deitei os anos para trás das costas, fui para a molhada e sai de lá com uma dor nas mesmas!



 Para a ceia, uma sandes ao som de Bloody Beetroots. Um som electrónico altamente recomendável a fechar em beleza uma noite feita de sonoridades variadas e um desejo de olhar para o cartaz de 2012.


Tuesday, January 10, 2012

Amon Amarth, Melkweg, Amsterdam, 20 de Maio

Uma das bandas que há mais tempo sigo e aprecio, os suecos Amon Amarth, foram o segundo concerto de 2011. Na Melkweg (Via Láctea) em Amsterdão, o concerto não foi brilhante, mas encantou, como normalmente as primeiras vezes fazem. 

A grande falta de brilho no concerto deve-se, fundamentalmente, aos engenheiros de som que acompanham a banda. Aqui este ouvinte optou por uma das varandas que circundam a sala. O resultado foi que, onde brilharam os Black Dahlia Murder, os cabeças de cartaz eclipsaram-se miseravelmente. Como dizer então que o concerto encantou? Acontece que, farto de bombo e linhas de baixo, decidi ao fim de três músicas descer para o meio da molhada. Aí a magia aconteceu! A voz deixou de ser disforme, os solos de guitarra deixaram de ser movimentos de dedos sem sentido e as músicas, que só eram identificadas por ser nomeadas pelo vocalista, tornaram-se reconhecíveis.

Como foi dito, o facto de a decisão de mudar de ares ter sido tomada a tempo de mudar ainda a impressão do concerto contribuiu em grande parte para o encanto que este primeiro concerto do quinteto sueco fosse uma experiência agradável, mas a cereja que realmente fez com que o bilhete se pagasse sozinho foi a fabulosa mistura de três das suas mais fortes músicas (Victorious March, Death in Fire, Gods of War Arise, com as duas últimas a fazerem parte do meu leque de favoritas).

O público, apesar de contido, reagiu bem à banda, criando uma atmosfera agradável. A banda, com álbum novo na bagagem, não se inibiu de o mostrar. Um bom concerto, que deixou vontade de assistir a outros, mas isso é para ser contado mais tarde.



Monday, January 2, 2012

O País tem (de facto) uma dimensão diferente da crise que o varre.

 O Fantasporto decidiu promover um concurso literário. Até aqui é apenas um evento cultural a querer diversificar. Claro que um bom concurso com a chancela de um marco cultural não seria um bom concurso se não desse azo a azias e alvoroços póstumos.

 Ora depois do sururu que a escolha deu, entrei no ano a saber que:

Um grupo de independentes decidiu promover o Concurso de Contos de Ficção Científica –rejeitados do Concurso de Contos de Ficção Científica Fantasporto 2012, tendo em conta que foram mais de cem autores, de quatro países, espalhados por três continentes que submeteram os seus trabalhos, e pelo facto de apenas seis deles irem ver os mesmos publicados, concluímos que seria um prejuízo maior o desaproveitamento de noventa e quatro trabalhos, trabalhos esses, um bom número deles pelo menos que em mais que um local foram considerados de qualidade acima da média, pelo que se pretende assim resgatar os melhores do anonimato (...).

 (Conforme lido no, criado para o efeito, blog Gaitzetsi.)

 Com tal parágrafo introdutório, tive mais uma confirmação que a dimensão da crise global, tem em Portugal reflexo noutras actividades. Normalmente recomendo umas águas minerais ou sais de fruto para quem sofre deste mal. Como estamos a recuperar do Natal e Ano Novo apenas posso especular que para as bandas donde se escreveu tal prosa, há muito se encontram esgotadas...