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Aclamado como uma das principais obras deste autor, que por sua vez é considerado o mestre da literatura de terror, The Shining é um livro que não faz jus aos pergaminhos... A princípio!
Na verdade, o livro demora a arrancar, passando-se à vontade uma centena de páginas de aborrecido esclarecimento de como a família Torrance acaba a tomar conta do Overlook, um hotel perdido nas Montanhas Rochosas e com um passado colorido. Nesta altura, a altura em que o hotel fecha decididamente para férias, o leitor está já com suores frios de puro terror. O motivo? A perspectiva de mais quatrocentas páginas como as que até aí passaram.
O autor decide então embrenhar-se naquilo que o levou a escrever esta obra e a mestria do autor vem à tona, justificando a fama da obra. A verdade é que a partir da terceira parte do livro, estrategicamente chamada "O ninho de vespas" (The wasps' nest, no original), a forma como o hotel se apodera da família Torrance não fica a dever nada à forma como nos apoderamos da obra. A escrita torna-se apelativa, com capítulos de tamanho variado, mas que deixam o leitor a pensar "só mais um bocadinho" ao longo de muitos bocadinhos. Muitos bocadinhos esses que são os que Stephen King demora a explorar a fragilidade da mente humana e de como uma família, com graves problemas e histórias mal resolvidas, isolada num hotel em tudo semelhante, rapidamente se desmorona e conduz a uma situação extrema.
Não vou entrar em comparações com o filme. O filme, quando colocado ao lado do livro, não lhe começa sequer a fazer jus, mas este tipo de comparação é extremamente injusta. Por um lado o filme tem limitações de formato que o livro não tem, por outro, Stanley Kubrick consegue captar a essência a dar-nos uma fenomenal peça de cinema. Tal como Stephen King nos dá uma óptima peça de literatura!